Por sete anos trabalhei em um hospital como psicóloga clínica e coordenadora de um projeto de artes, que idealizei a partir do trabalho da Dra Nise da Silveira e da educadora Maria Amélia Pereira. Após esse período, inscrevi-me, não por acaso, em um curso de desenho.
O desenho me levou a uma nova percepção do mundo. Passei a ver os matizes de uma sombra, as relações entre as formas e entre as cores, além da beleza e do mistério das coisas sob a luz e a sombra. Isso me encantou. O desenho passou a ser uma forma de expressar o que eu via e sentia.
Dois anos depois fui cursar o mestrado na School of the Art Institute de Chicago, onde ingressei pelo departamento de arte terapia. Na ocasião, pude frequentar o museu agregado à instituição e alguns ateliês de pintura e desenho da escola, descobrindo o meu amor pela pintura e pela cor. Essas oportunidades significaram uma experiência única para o amadurecimento do meu olhar.
Em 2014, deixei de trabalhar como psicóloga para dedicar-me exclusivamente ao trabalho no ateliê.
Sou pintora, desenhista e bordadeira. Trabalho a partir da observação da natureza e das coisas ao meu redor, interessando-me pelos desdobramentos da linha e da cor. Para mim, tudo é movimento, ritmo e cor.
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E minha avó cantava e cozia. Cantava
canções de mar e de arvoredo, em língua antiga.
E eu sempre acreditei que havia música em seus dedos
e palavras de amor em minhas roupas escritas.
Cecília Meireles
Os versos do poema "Desenho", de Cecilia Meireles, definem o que sinto quando vejo alguém cosendo ou bordando.
Iniciei meu percurso de artista pintando e desenhando, e somente depois de alguns anos descobri o bordado, ao visitar um projeto arte-terapêutico, em que mulheres se reuniam para bordar e contar suas histórias. Ao me deparar com uma linha alinhavada em um tecido, intuí o potencial expressivo dessa linguagem.
Em 2014, levei linhas, tecidos e a caixa de costura da minha avó para o ateliê, e passei a explorar esse universo.